Sobre
"Oi, eu sou o Dehner! Sou aquele que faz filmes de casamento, mas também aquele que faz playlists de gosto duvidoso e compartilha com os amigos o tempo todo, faz vídeos ‘caseiros’ em viagens e dublagens de músicas.
Vou contar um segredo. Há os que digam que nós, videomakers, somos contadores de história. A confissão que faço não contraria essa ‘crença popular’, mas, sabe... “contar a história” é só um detalhe...
Do que eu gosto mesmo é ver a história se contar. Sou o menino quieto dos olhos com sede desde criança, e já vi histórias suficientes pra saber o quanto exibidas elas são – sim, as histórias! Como num palco, elas gostam de se mostrar, e procuram quem lhes dá atenção e, assim, nos encontramos, olhos nos olhos, com frequência. Ao prestar atenção em uma história, eu já sei ver o que ela me mostra..., mas também sei ver o que ela esconde, fora dos holofotes. Sim, também são dissimuladas, as histórias! Desconheço os critérios que elas escolhem para contar por primeiro o que lhes parece mais importante. As histórias, por sorte, são tão descuidadas que escapam para mim todos os detalhes, os mais lindos! Por vezes parece que estou distraído, e é nessas horas que estou mais presente.
Meu olhar busca o que parece cotidiano e banal, e o contar histórias se faz através da minha presença. Gosto de saber e sentir que estou “ali”, e em nenhum outro lugar ou tempo. Quando alguma coisa acontece e eu posso ver, isso é arte – sem roteiro, sem planos, sem “cinema”. E, esse é o segredo: as coisas acontecem todo o tempo: o instante é a vida.
Nos casamentos, conheço todos os perfumes do making off: os importados, os nacionais, os das flores e o da comida sendo preparada. Esses perfumes todos vão se transformar com o passar das palavras, dos risos, das lágrimas, dos abraços e das horas e se fundir num único cheiro quando a música começar, a pose se perder, e a risada ficar escandalosa. Esse é meu perfume favorito, confesso. É real, é intenso, é entranhado na nossa memória, e, talvez, beire o vulgar, mas assim é a vida. É esse tipo de perfume que as histórias que se contam para mim têm, e que, por consequência, eu perfumo as histórias que conto. Perfume de vida."
Texto: Letícia Molin